Dez Anos de Japão!

Exatamente hoje, dia 2, completei 10 anos de vida aqui no Japão. Havia embarcado no dia 31 de julho, pouco antes da meia-noite, e aterrissei em solo japonês no dia 2 de agosto, por volta das 13hs. Bom, não sou muito de revirar o passado e nem me prendo a datas, por isso mesmo, não tenho nada o que comemorar, mas resolvi fazer essa postagem pra encher línguiça! No início, eu tinha o pé atrás, e não tinha pretenção nenhuma de vir ao Japão à trabalho, mas fui forçado pela minha mãe, afinal, eu estava sem fazer nada no Brasil mesmo. Inicialmente, quem viria pra cá era a minha irmã (que depois, veio em 2004), mas semanas antes de embarcar, ela teve problemas de saúde, tendo que se submeter a um tratamento. Então, literalmente acabei trocando de lugar com ela. De início, como quase todos que vem trabalhar no Japão, não pensava em ficar por muito tempo, cerca de três anos, o suficiente pra ganhar uns trocados e voltar para o Brasil, mas sem nenhuma expectativa. É que eu não achava que iria me adaptar ao Japão tão facilmente. Hoje é o inverso, não consigo mais imaginar não estar vivendo aqui. Muita gente me pergunta quando é que eu vou voltar ao Brasil, nem que seja para visitar a família e os amigos, tipo tirar umas férias e tal. Mas infelizmente, sempre acabo cortando a esperança dos outros e digo que jamais vou voltar. Pode parecer estranho, mas é fato, é algo que eu já decidi nesses longos anos, e não pretendo voltar atrás. Já estou muito bem adaptado aqui, e o mais importante, tenho estabilidade de vida. Sim, porque aqui no Japão, se você está empregado e tem como sobreviver sozinho, é o que importa. Conheci muita gente que não conseguiu se adaptar ao país, seja pela língua, pela cultura, pela solidão, e principalmente, pela vida repetitiva que se leva aqui. Você trabalha, ganha e gasta. Esse é o ciclo no Japão. É assim que essa sociedade funciona! Mas eu pergunto, e daí? Pra mim tá bom demais. Pelo menos não preciso passar necessidade. Se eu quiser um jogo de video-game, eu compro. Se eu quiser uma roupa de marca, eu compro. Se eu quiser comer coisas gostosas, eu como. Não preciso fazer cerimônia. E felizmente, até hoje, nunca passei necessidade, nunca precisei pedir dinheiro emprestado aos outros.

Ah, e também não posso esquecer do meu lado otaku (ou qualquer outro termo que quiserem me definir). Por exemplo, não consigo imaginar não poder mais ir pra Akihabara. Não poder ir nos eventos. Não poder assistir os programas da TV japonesa. Em suma, não consigo mais imaginar viver fora do Japão. Trocar Akihabara pela Liberdade? Trocar o Tokyo International Anime Fair pelo Anime Friends? Trocar a mordomia de ligar a TV e assistir um anime, por downloads ilegais? Ah, tô fora! Quem quiser criticar meus hábitos, meu meio de vida, vai fundo. Vai entrar por um ouvido e sair pelo outro! A não ser que alguém se candidate a pagar as minhas contas e me sustentar, aí eu dou satisfação. Caso contrário, vou continuar a ir nos mesmos eventos de sempre, a comprar as mesmas bugigangas de sempre, e manter-se solteiro! Esta é a resposta para minha felicidade!