Legendas! Legendas!! Legendas!!!
Como eu tenho um certo domínio na língua japonesa, afinal são mais de 15 anos que comecei a aprender, nunca fiz questão de recorrer às legendas de seriados, seja em inglês ou português. Não costumo ver os trabalhos do TV Nihon, o mais popular Fansubber, e tão pouco as traduções que são feitas em cima deles. Mas nem por isso, deixo de parabenizá-los pelo árduo trabalho de traduzir o idioma japonês. São poucos no meio otaku que tem um nível de japonês suficiente para fazer isso. Entretanto, nenhuma tradução (ou adaptação) é 100% correta. Sempre aparecem alguns errinhos aqui ou ali, por culpa da dificuldade em se traduzir mesmo. O problema é que o erro deles acaba sendo herdado pra quem vai traduzir para o português ou qualquer outra língua latina. Aí, quando vem uma outra pessoa ou um outro fansubber, e traduz diferente, fica aquele dilema de quem está certo ou errado. A língua japonesa é muito complexa, e as vezes, a tradução literal (ao pé da letra) acaba ficando impronunciável. Aí entra o bom senso do tradutor, de como ele interpreta as frases. Um exemplo disso, foi o que aconteceu ontem no fórum Tokubrasil, no tópico de discussão da série Kamen Rider DEN-O. Talvez por culpa minha, eu acabei criando um momento “off-topic” para discutir esse assunto de tradução e adaptação. Na ocasião, estava sendo discutida a melhor forma de se traduzir a expressão “Kotae wa Kiitenai!”, que é sempre dita pelo personagem Ryutaros. Surgiram várias hipóteses, mas o que é apresentado pelo TV Nihon está totalmente deslocado. Não vou repetir as explicações que eu dei no fórum. Cliquem aqui, e vejam como está se desenvolvendo o assunto. Ah, reparem o erro grotesco na imagem do livro Character Book 01: está escrito “Ryuratos” ao invés de “Ryutaros”. Esses japoneses são foda mesmo!
Ainda neste assunto, vejam um exemplo de um erro banal, que foi cometido por um fansubber, no anime Futari wa Precure. Na cena, que vocês podem ver clicando aqui, Mapple (parceiro da Cure Black/Nagisa) diz o seguinte: “Mukattekuru Mepo”. Em japonês, “mukattekuru” significa que algo está se aproximando, no caso o inimigo. “Mepo” é apenas o sufixo das frases ditas pelo Mapple, não tem tradução. Mas vejam como o cara adaptou isso para o inglês: “I’m getting angry-mepu!”, algo como “Estou ficando furioso, mepu!” Putz, o ouvido do cara deve ser “muito bom”, ou então ele quis mudar de propósito. Ah, só pra constar, “Ficar Furioso” em japonês é “Hara ga Tatsu”.
10 Comments:
Olá Michel.
Eu já li algumas matérias que informava traduções do japonês para inglês, só que, os trechos ficavam americanizados nos livros e por fim quando transformava para o português acabavs perdendo a essência japonesa. Por isto que é sempre melhor comprar um livro traduzido direto do japonês para o português do que via EUA. Acreditando em menos erros.
Tradução é algo bem complicado, como você mesmo disse Michel. O grande problema, na hora de julgar se está correto ou não, principalmente quando a tradução é para outro idioma , como nesse caso do Japonês para o inglês , é que a tradução tende a ser contextualizada/adaptada para que a mensagem a ser passada seja a mais próxima possível da que é feita no idioma original. Para adaptar o entendimento, entram fatores culturais próprios de quem vive esse idioma. Quem é de fora, como nós, pode às vezes realmente achar que errou-se, mas o mais provável, penso eu, é que nós é que estamos errados em achar isso.
Ei michel, bem primeiro falando dos meus desenhos...logico tambem nao sou um genio de desenho vou treinar muito!!! quem sabe um dia ser um kazuki!..hehe eu gosto muito de luck star tambem meus animes predileitos sao AIR, KANON, Genshiken, COMIPA, Shuffle e por ai vai gosto muito de comedia romantica, ecchi, romance e drama...hehe bem eu acho que legenda é nescessaria se nao eu nao saberia nada de animes e mangás...! abraços
Robinson, qualquer tradução do japonês para outra língua perde-se um pouco daquilo que se quer transmitir. A adaptação é inevitável devido às diferenças culturais. Em termos de praticidade, é sempre mais vantajoso traduzir algo do inglês ou espanhol, do que trazer o produto direto do Japão.
Lagarto, realmente acho que é mais ou menos isso que você escreveu. A primeira impressão, como no caso do Futari wa Precure, é de que o fansubber cometeu um erro, mas isso pode ser encarado também como apenas uma forma que ele encontrou pra adaptar. Algo que fique mais no padrão da cultura de quem está adaptando. Mas é claro que isso passa despercebido da grande maioria, que não tem o domínio da língua japonesa. Quando se assiste algo do TV Nihon, por exemplo, tende-se a acreditar em tradução, e não em adaptação. O que está ali passa a ser incontestável. Bom, essa é minha opinião.
Renato, legal que você tenha entendido a crítica. Você vai ter que conviver sempre com ela. O negócio é você jamais desanimar. No jogo Comic Party, durante o evento, surge um editor (a) de uma revista e diz que o manga (dohjinshi) da Subaru Mikage é apenas "lixo" (Gomi). Acredite, eu fiquei até com pena de um personagem de jogo! Mas essa é a realidade do mundo dos dohjinshi no Japão. Com um trabalho "meia-boca" o cara não entra no mercado não! Também adoro comédias românticas e animes com muitas garotas. Gostei de ToHeart e ToHeart2, Tokimeki Memorial, School Rumble e muitos outros. Sobre legenda, não tenho nenhuma objeção, mas tentar aprender japonês também é uma boa idéia, não?
A verdade é que a tradução é uma ilusão. Todo tradutor é na verdade um "adaptador".
Tem uma maxima filologica que diz: Tradução é invenção!"
A unica maneira de compreender a essencia de uma obra, por mais banal que seja, é nao depender de um tradutor, mas conhecer a lingua original. No caso do topico, o japones.
*Não sei japones :(
sim eu vou voltar a fazer o curso de japones...obrigado pela animação é logico que vou lutar pra melhorar cada vez mais! vc vai vim um dia com muito esforço vc vai comprar um mangá meu!
heheh valeu! boa sorte ai no japao e e no seu blog!
Michel, sou o ZerØ da tokubrasil e acabei de ler a sua postagem. Vou começar citando um caso que aconteceu comigo ontem(domingo): eu e meu pai estavamos vendo o seriado americano cold case na tv (dublado) quando eu resolvi por o mesmo espisódio no computador (legendado por um fã) e então começei a comparar a tradução/adaptação utilizada na dublagem com a tradução usada nas legendas. Ao fim, tinha chegado a conclusão que em 90% das falas eram exatamente iguais nas duas versões e que nos 10% restantes, 5% era melhor para a tradução do fã e 5% para a oficial.
Isso para o inglês que é um idioma de fácil aprendizado/compreensão.
Não há, de fato, um processo 100% de se traduzir algo de um idioma para outro por causa das particularidades de cada um. Até mesmo de línguas "irmãs" como o português e o espanhol, melhor ainda: até mesmo dentro do Brasil ao colocar frente a frente um gaúcho e um nordestinho que nunca saíram de suas terras-natais.
Pessoalmente, o trabalho dos fansubbers é, acima de entender o que estão falando, um modo de me familiarizar com um novo idioma absorvendo palavras, expressões idiomáticas e vícios do mesmo. Digo, com base no pouquíssimo que aprendi até agora, já consigo perceber algumas falhas dessas adaptações e a do Ryutaros foi realmente algo que não sabia. Mas, acima de tudo pra fazer um trabalho desses tem que ter um mega bom-senso além de paciência pra ficar vendo o mesmo episódio várias vezes para conferir se a tradução está correta ou não.
Já vi que este comentário está longo mas me responde uma perguntinha pra encerrar: Eu faço parte de uma banda de J-Rock e o vocalista faz faculdade de Letras (Português-Japonês) em uma universidade de renome daqui do Rio de Janeiro. Um dia ele estava me contando como ele passava as composições dele de português para o japonês e me disse que o melhor (ou o mais fácil) jeito de fazer esse tipo de traducão era de primeiro passar o texto do português para o inglês e depois fazer do inglês para o japonês. Esse tipo de trabalho, linguisticamente falando, é realmente o melhor a se fazer quando o texto a ser traduzido é de criação sua logo a idéia original é mais difícil de se perder.
Desculpa pelo post longo e obrigado pela leitura.
Ø
Esse é um assunto que adoro debater. Realmente, quando a gente depende de ler pra entender, infelizmente não temos na cabeça o pensamento que levou o tradutor a escrever tal frase. Quando a gente tem conhecimento do idioma (Inglês, no meu caso), ficamos bem mais atento ao áudio do que nas letras. Sábado resolvi assistir um capítulo de Arquivo X com legendas em português (pois sempre vejo com legendas em Inglês), e o Tradutor ficou perdido com o "codinome" do inimigo, que era Pusher (algo como forçador, instigador) e cometeu várias gafes na tradução/ adaptação de frases que continham essa palavra. Eu, no meu pequeno conhecimento de Japonês, percebo ouvindo enquanto assisto um tokusatsu legendado pelo TV Nihon, algumas frases ou palavras que eu ficaria "boiando" se tivesse apenas lido. A entonação da frase, junto com a ação na tela, fazem vc digerir melhor a informação. Infelizmente não consigo pegar uma RAW e entender tudo, mas vendo com legendas em Inglês e prestando atenção no áudio, muita coisa dá pra diferenciar.
Pessoal, valeu pelos comentários! Acho que é a primeira vez que um post rendeu tantos comentários.
Meitantei Otaku, essa máxima filosófica, "Tradução é invenção!", acho que é a chave para a explicação desse meu post. Já havia comentado sobre isso quando falei do Negipa! Vol.12. Jûbei Yagyû (Pseudônimo), tradutor da versão taiwanesa do manga de Mahô Sensei Negima!, disse algo assim: "Podemos dizer que o tradutor também é inventor!" É claro que uma obra adaptada pode ser tão divertida quanto a original, pela adequação à cultura de cada país. Entender certas piadas japonesas é dose!
ZerØ, valeu pela participação. Espero que apareça mais vezes, e pode escrever bastante. A tradução entre línguas como o inglês, português, espanhol, italiano etc, é mais fácil, pela proximidade entre os termos. Numa língua asiática como o japonês, o trabalho fica mais difícil. Quando se assiste algo dublado ou legendado, muita coisa da obra original acaba se perdendo pelo caminho. Por exemplo, essa frase do Ryutaros. Quem entende japonês, captou a idéia transmitida pelo personagem. Mas pra quem assistiu pelo TV Nihon, teve um entendimento bem diferente da idéia original. Quanto a sua pergunta, não sei ao certo responder. O ideal seria pensar direto em japonês, creio eu, mas como a língua nata é o português, isso fica um pouco difícil.
Shar Ivan, bem vindo ao debate. Quando assistimos uma adaptação bem diferente da obra original, temos a tendência de analisarmos isso como um "erro". Mas como disse o colega Lagarto, talvez nós é que estejamos errados ao pensar assim. Vou dar um exemplo. Em Kamen Rider Black, o nome Black Sun foi traduzido como Senhor Black, por um deslize da Everest Vídeo. Tudo por causa da falta de referências ao personagem. Entretanto, o nome "Senhor Black" acabou pegando, e empunhava um certo tom de respeito pelo Gorgom. Eu só vim a descobrir o erro anos mais tarde, e principalmente por causa do Shadow Moon. Aí sim, o elo entre os nomes passou a fazer sentido. É claro que a idéia original foi perdida, mas a adaptação ficou muito boa.
Vou acrescentar uma curiosidade à discussão sobre tradução. No início dos anos 70, quando os contratos de licenciamento e exibição eram feitos de forma mais amadora, algumas séries tiveram o seguinte problema: a distribuidora mandava para as emissoras os rolos de filme com BGM e trilha sonora e sem os diálogos, para que fosse acrescentada a dublagem local. Junto, vinham os scripts originais em japonês, que eram enviados para tradutores. Pois bem, já aconteceu de vários scripts se perderem. Isso aconteceu com os antigos animês "A princesa e o cavaleiro" e "Guzula".
Com a escassez de contatos e a necessidade de dublar logo para que a atração fosse ao ar, o diretor de dublagem Gilberto Baroli foi obrigado a inventar totalmente os enredos de vários episódios. O incrível é que Baroli se revelou um bom roteirista, criando histórias que, mesmo totalmente distantes do original, ao menos eram coerentes e bem amarradas. Ninguém na época percebeu nada.
O tradutor Arnaldo Oka (mangás da JBC, Cybercop, Akira) uma vez comentou comigo que assistiu "A princesa e o cavaleiro" no original e achou os "episódios brasileiros" tão bons quanto os japoneses. Interessante, não?
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