domingo, novembro 16, 2008

Entrevista com o ator Tetsuo Kurata!

Entrevista com o ator Tetsuo Kurata, o Minami Kôtarô (Kamen Rider Black/RX), publicada na revista Hyper Hobby Vol.122 (Edição de Novembro), em comemoração ao futuro lançamento do boneco RAH Minami Kôtarô (Medicom Toy).

HH: Primeiro, nos fale sobre a impressão do boneco.
Kurata: Hum, maravilhoso! Estou impressionado que tenham conseguido captar bem as minhas características. Só que até aqui, sinto que ainda não é um belo homem (Risos). O rosto também está bem afiado (Risos). Os olhos também são parecidos. Eu tinha um olhar assim. Depois, as orelhas. Minhas orelhas chamam a atenção. Até nesse aspecto ficou parecido.
HH: A roupa também está caprichada até nos mínimos detalhes.
Kurata: Maravilhoso! Na época do RX, eu mesmo fui comprar a roupa.
HH: Você diz essa roupa branca?
Kurata: Essa mesma. Dentro de mim, existia essa imagem do branco. O preto realça a sujeira, e o protagonista acabaria ficando ofuscado.
HH: Qual a impressão que você teve ao receber o papel de Minami Kôtarô?
Kurata: Isso foi além do que eu poderia imaginar. Isso porque eu jamais pensava que seria aprovado. Quando reuniram os candidatos, no estúdio da Toei, para a última seleção, havia umas pessoas que eu sentia já ter visto na TV. Eu estava com 18 anos e tinha acabado de me formar no colegial. Vocês podem achar estranho, mas intuitivamente eu pensei, “vai ser eu”. Naturalmente eu não tinha autoconfiança tanto na interpretação como na ação. Só que aí eu pensei, quem sabe a partir de agora eu comece a frequentar aqui (Toei). Eu quase não senti nervosismo, acho que por ter mudado de atitude.
HH: Então, iniciada as filmagens, qual a cena que ficou marcada pra você?
Kurata: Foi no terreno da Indústria Metalurgica de Takasaki (Takasaki Kinzoku Kôgyô), uma locação bem famosa em tokusatsu. Eu odiava esse lugar. Havia muita poeira no ar, e mesmo usando máscara, você acabava inalando. Tive que fazer cenas de ação nesse lugar. Dentro do meu nariz devia estar tudo preto. Realmente foi dureza. Só de andar, já levantava poeira. As filmagens eram realmente muito severas, acho que eu emagreci uns 10 quilos, desde o início. Psicológicamente também foi difícil.
HH: Perder 10 quilos, realmente não é pouca coisa.
Kurata: Acho que eu não tinha nem 55 quilos. Mesmo ao tentar fazer a pose de transformação, não saía no ato, e as vezes o meu corpo acabava vertendo. Por estar leve, a minha pisada acabava não surtindo efeito.
HH: Acho que a pressão psicológica era muito grande, não?
Kurata: Com uma série Rider ressurgindo após 6 anos, tinha o pensamento em fazer bem feito, afinal de contas fui o escolhido dentre muitas pessoas, e a produção até dizia pra mim, que se a série ia acabar com “1 cours” (13 episódios) ou “2 cours” (26 episódios), dependia apenas de mim. Só que isso acabava surtindo efeito contrário dentro de mim, me dando mais força. No começo, eu fiquei atordoado com a mudança brusca do cotidiano e nem conseguia dormir de noite. E como eu também cantava o tema, frequentava aulas de canto durante os intervalos das gravações. Mas já que eu comecei, se não cumprisse o período previsto de 1 ano, seria muito vergonhoso pra mim. O jeito era me esforçar, incitando a mim mesmo. Acho que o Kôtarô sempre gritava algo como “Yurusaan!” (Não perdôo!), mas aquilo era o “meu” grito (Risos). Como se eu estivesse dizendo algo como “não me menospreze!”. Afinal de contas, eu era um rapaz novinho de 18 anos, que estava começando a fazer ação em filmagens. “Não me menospreze, viu? Com certeza eu vou fazer desta obra um sucesso!”, era uma das coisas que eu bradava dentro de mim.
HH: Iniciada a exibição, qual foi a reação dos fãs?
Kurata: Quando havia se passado meio ano após a estréia de BLACK, eu participei do quadro “Ii Otoko Corner”, do programa “Waratteiitomo!”. A partir daí a audiência subiu e eu acabei me transformando em ídolo. Não podia mais sair na rua.
HH: Na vida privada, você não costumava sair muito, certo?
Kurata: Bem, na época realmente era corrido, quase não tinha folga, e como o transporte de todos até o local de gravação era feito de ônibus, mesmo que a minha participação acabasse logo, eu não tinha como ir embora se as outras filmagens não acabassem (Risos). Por isso, as vezes eu acabava dormindo no ônibus mesmo. Ao voltar pra casa, após encerrada todas as gravações, já era 1 hora da madrugada. E como tínhamos que nos reunir no estúdio, às 6 da manhã do dia seguinte, mesmo voltando pra casa eu só conseguia dormir 3 horas. Sendo assim, eu me hospedei no estúdio mesmo. Foram dois anos levando essa vida. Dependendo da locação, dava pra perceber a popularidade do BLACK. Entre os episódios 1 e 2, a locação foi num lugar bem movimentado como a avenida Omotesandô. Era uma filmagem feita à distância, que mostrava eu e a Kyôko (Akemi Inoue) andando pelo bairro de Harajuku, mas de uma hora pra outra, acabamos ficando rodeados de pessoas e a gravação teve que ser interrompida. Ou então, só filmagens no interior das montanhas (Risos). Numa filmagem real, uma vez chegaram pra mim e disseram, “vai, entra nesse brejo”. Pô, um lugar evidentemente fedorento, em que dá até pra ver as larvas boiando (Risos). Aí eu disse, “tá brincando, tá brincando né?” (Risos). Tá certo que no script é uma cena em que o Kôtarô está todo maltrapilho, mas porque tem que ser exatamante num brejo? (Risos). Aí quando eu disse, “Por favor, façam a cena em outro lugar”, eles me responderam o seguinte, “Mas pra quem está assistindo não é interessante. Fica legal sair daí (brejo)”. Paciência, tive que fazer. Claro que eu fiz cara feia, mas “se é assim que é bom, que seja”. Mesmo nas cenas de explosão, a nuvem de areia é espantosa, já que se coloca cimento dentro dos explosivos. Era só correr em linha reta, mas eu mal conseguia enxergar adiante. Como era filmado de longe, nem precisava ter sido eu, que não ia ter problema (Risos). O cabelo poderia acabar se queimando. Quando é no verão, sempre despejo água na cabeça. Se não fizer isso, meu cabelo fica todo espetado. Eu mesmo tinha que fazer as cenas de ação. Vendo o script, tinha cenas que eu achava que entraria o dublê, mas na hora da gravação dessas cenas, eu via o meu dublê, Jirô Okamoto, relaxando na boa, sem tirar o agasalho. Pô, então eu é que tenho que fazer? (Risos). E ao perguntar, “O Jirô não vai fazer?”, eles me respondiam, “Não, isso o Kurata consegue!” (Risos).
HH: Atualmente, além do ofício de ator, você está administrando uma “Steak House”?
Kurata: Sim. Chama-se “Billy The Kid”, mas isso porque eu era conhecido do dono (shachô), pois vivia frequentando o local desde os tempos do colégio. Como ficava aberto até às 3 horas da madrugada, ia sempre após terminar as gravações do BLACK. Quero que muitas pessoas apreciem uma saborosa carne, e por um preço baixo, e a partir de fevereiro eu estarei na filial de Tôyôchô. Se tiver tempo, eu vou aparecer no estabelecimento e servir pessoalmente a carne aos fregueses. Ultimamente, a propaganda de boca-a-boca tem se espalhado, e nos feriados tem aparecido muita gente.
HH: Por fim, deixe uma mensagem aos fãs.
Kurata: RX terminou, 20 anos se passaram, e o Kôtarô Minami ressurge nesta nova forma (referindo-se ao boneco). Gostaria que muitas pessoas comprassem, pois afinal de contas, se parece muito comigo. Estes olhos são os mesmos olhos calorosos que eu tinha na época. Acho que todos vão querer, né? Porque eu quero!

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8 Comments:

At segunda-feira, novembro 17, 2008 9:06:00 PM, Blogger Alexandre Nagado said...

Tetsuo Kurata foi um dos melhores atores de sua geração no tokusatsu. Foi seu carisma que lhe rendeu o papel principal em RX, que na verdade parecia um seriado independente do Black e não uma continuação. Sempre achei que fizeram RX uma continuação de Black para aproveitar não apenas o ator mas também o personagem.

Um dia gostaria de ler alguma matéria ou entrevista que colocasse uma versão oficial no assunto. Também seria muito interessante vê-lo voltar a fazer o RX.

Parabéns pela tradução, Michel. Sei que deve ser chato ficar traduzindo, mas é um belo material de referência.

Abraços!

 
At terça-feira, novembro 18, 2008 2:36:00 AM, Blogger Quatro D said...

lol, então o Kurata era um cara muito "higiênico", não (e ainda deve ser)? Se bem que ninguém gostaria mesmo de andar num bueiro sujo e escuro, com larvas flutuando (que nojo)...

Pela descrição dele de como era a rotina das gravações, não é à toa que o Issamu/Kotarô conseguia fazer umas caras de angustiado tão bem XP!

Ótimo achado, Michel, gostei de saber mais do homem por trás da máscara (se bem que esse seria o Jirô Okamoto, suit actor, né?). Só não compraria o boneco, não tenho mais ânimo pra colecionar esse tipo de coisa. Mas, que ficou maneiro, ficou!

 
At quarta-feira, novembro 19, 2008 1:32:00 AM, Blogger Sami Souza said...

Maravilha de material, Michel!

Concordo com o Nagado sobre o fato de ser um dos melhores de seu tempo e com relação a seu belo trabalho de tradução. Já tinha dito isso, mas convém lembrar que você é um verdadeiro repórter de assuntos que todos que gostamos de tokusatsu e afins não teríamos acesso.

Se eu pudesse sugerir uma entrevista para essas revistas japonesas, gostaria muito de ler sobre o Jun Ichi Haruta, O Mad Galant de KyôJû Tokusô Juspion.

Esse também marcou época e é referência em tokusatsu (juntamente com Hiroshi Watari) na minha opinião.

Parabéns mais uma vez, Michel.

 
At domingo, novembro 23, 2008 2:50:00 AM, Anonymous Anônimo said...

A muito tempo gostaria em ter notícias do famoso Black, Issamu. Fantástico!!! É maravilhoso descobrir o dia a dia do ator como suas expectativas presentes e futuras.
O boneco ficou 10, perfeito. Como queria ter um deste. Acredito que deverá ser bastante caro, não é Michel?
Por fim meu amigo está de parabéns. Sei que é trabalhoso e cansativo estas traduções mas vc consegue nos surpreenter.
Domo arigato...

 
At segunda-feira, novembro 24, 2008 10:59:00 PM, Blogger Betarelli, Ivan D. said...

É realmente um trabalho e tanto. Várias vezes o Michel conversou comigo a respeito dessas adaptações de entrevistas, e com certeza é ultra-trabalhoso concebê-las. Ele costuma dizer que o impacto não é o mesmo de quem as lê na língua original, mas fazer o quê uma vez que não conseguimos entender o nihongô...

 
At domingo, dezembro 14, 2008 11:30:00 AM, Anonymous Anônimo said...

Bacana mesmo Michel,legal conhecer os detalhes sobre as gravações e tal.
Um dia espero que o Kurata venha em algum desses eventos aqui no Brasil,seria perfeito.
Um grande ator que marco minha infância e de muitos outros.

 
At domingo, maio 24, 2009 11:30:00 AM, Blogger Patrícia said...

Nossa, eu fico tão emocionada lendo essas entrevistas, pq realmente o Kôtarô Minami fez parte da minha pré-adolescência, e parte do q eu sou hj devo não só a ele, mas a todos os tokusatsu que assisti!
Parabéns mesmo pelo material Michel!

 
At domingo, fevereiro 28, 2010 8:27:00 PM, Anonymous Jorge Fernando said...

Ola amigos desde ja quero dar os parabens pelo blog esta D+. Gostaria de fazer um pedido. Onde posso fazer o download da entrevista de Tetsuo Kurata o Kamen Rider Black e o RX. Sei que saiu uma entrevista no DVD do RX, ja encontrei essa entrevista no You Tube porém com qualidade muito ruim. Será que você poderia me ajudar e informar onde posso fazer o download da entrevista ? Ja possuo as legendas porem não tenho os videos. Podem me ajudar ? Meu nome é Jorge Fernando e e-mail:
utopia_nando@ig.com.br
um abraço.

 

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