sábado, novembro 20, 2010

Papo Furado!!! (20 de Novembro)

“Hokkan Holdings Kabushiki Gaisha”
Como alguns visitantes do meu blog acham interessante quando eu conto coisas fora do meio otaku, hoje resolvi falar um pouco mais da empresa na qual trabalho, a Nitto Seiki, uma fábrica especializada na produção de latas, pertencente ao grupo Hokkan Holdings. Como eu havia comentado numa postagem anterior, a empresa comemorou dia 10, seu 50º aniversário, tendo surgido em 1950. Originalmente, com o nome de Hokkai Seikan, a firma surgiu em Hokkaido, em 1921, como um depósito para a fabricação de latas para alimentos. Em 1950, a empresa se dividiu em duas, a matriz de Hokkaido ficou com o nome de Showa Seiki, e a filial de Tokyo, chamada de Nitto Seiki. Inicialmente, os primeiros produtos eram latas decorativas (bijutsu-kan), usadas em biscoitos. Posteriormente, ela foi agregando novos tipos de produtos, como latas de alimentos (shokkan), como latas de sardinha, até chegar no produto símbolo da empresa, as latas de aerosol. Mas a caminhada não foi fácil, pois uma enchente inundou a fábrica de Tokyo, em 1966. Na década de 70, surgiu uma nova fábrica, a de Iwatsuki, em Saitama, que passou a trabalhar também na produção de latas de bebidas. No final da década de 90, construíram mais uma fábrica, a de Meiwa, em Gunma, na qual eu trabalho. Antes de chegar nessa fábrica, em 2003, trabalhei em 2002 na filial de Tatebayashi (latas de bebidas) e algumas semanas na fábrica de Chiyoda (Pet Bottle). Já estou há 9 anos na empresa, e nos tempos de hoje, após a crise financeira, manter-se por tanto tempo num mesmo emprego é algo louvável. Faço várias coisas, mas no geral, meu serviço é braçal, o de montar e colocar caixas de papelão na linha. Não ganho uma fortuna, mas eu tenho um grande amparo da empresa, pois sou contratado direto, sem a intervenção de empreiteiras. É que em março deste ano, por uma nova diretriz da empresa, ela passou a realizar o “jisha-koyô” (contratação-direta), como parte do chamado “cooling-off”, acabando com a contratação terceirizada. Dizem que isso é uma medida do governo, mas não sei se outras empresas também estão aderindo. O serviço em si, é simples, mas a cobrança de participatividade em cima de cada funcionário é grande. Muitos dos colegas brasileiros (indonesianos, nepalenses, chineses, peruanos) que trabalharam comigo através da empreiteira, se fosse no regime atual, não conseguiriam ser aprovados. Precisa saber muito japonês, ler e até mesmo escrever. Toda a manhã, você tem que participar da reunião matinal (chôrei), e os recém contratados tem que redigir por seis meses, um relatório diário sobre o que tem aprendido no trabalho. Eles nem querem saber se você entende ou não, pois não há mais a distinção entre japoneses e estrangeiros. Falar português aqui, tornou-se algo obsoleto. De estrangeiros, tem mais três brasileiros, duas chinesas e uma romena. Só! Cada funcionário é analisado individualmente quanto a participatividade, pois existe uma pontuação de 0 a 100, separado em seis categorias A, B, C, D, E e S (só para aqueles que atingem de 97~100 pontos, o que praticamente é impossível). O normal, é ficar na categoria “C”. Esse negócio de ranking lembra o anime Yu☆Yu☆Hakusho... Por esse motivo, não é conveniente ficar negando horas extras, trabalhar nos finais de semana, e até mesmo, “comprar latinhas de café”...rsrsrs! E sabem o porquê? É que a empresa paga dois bônus anuais, um em junho e outro em dezembro, e o valor é calculado com base na pontuação obtida. E eu é que não quero ter o meu bônus diminuído!

Nota: O trevo de quatro folhas é o símbolo da empresa. Se alguém notar em alguma lata ou pet bottle, é porque foi produzido pela Hokkan Holdings.